Sábado, 19 de Abril de 2025
O Ibama e o Ministério Público estão fiscalizando a Praia da Figueira, atração localizada na zona rural de Bonito (MS), após 14 casos de banhistas mordidos por peixes no lago artificial entre janeiro e março deste ano, conforme dados da Secretaria de Saúde do município. Na tarde de terça-feira (15), uma equipe do órgão federal inspecionou o local para verificar a possível existência de espécies exóticas.
A analista ambiental do Ibama, Fabiane Souza, explicou que a ação, realizada por quatro agentes e um biólogo especializado, busca identificar a origem dos animais. “A gente precisa saber de onde esses animais vieram, a origem deles, para poder saber então como que isso aconteceu, como eles foram introduzidos aqui. As espécies podem causar uma série de impactos no ecossistema local, na biodiversidade, que são espécies que competem com espécies locais por alimentação”.
José Sabino, biólogo da Unicamp que acompanhou a vistoria, alertou sobre os perigos de espécies invasoras. “Você pode ter um peixe não nativo que não ocorre naturalmente entrando nas nascentes dos rios como Formoso, e aí você teria então um problema de uma invasão em um ambiente natural e isso ocorreria numa série de problemas de cunho ecológico.”
O atrativo havia sido interditado pelo Imasul em março após os ataques, mas foi reaberto parcialmente no último dia 10 de abril, após a instalação de grades para impedir a aproximação de peixes de médio e grande porte das áreas de banho.
Investigação em andamentoDurante a fiscalização, drones e mergulhos foram utilizados para coletar amostras. Um laudo técnico será emitido para esclarecer as causas dos incidentes. Fabiane Souza citou o tambaqui, o tambacu (híbrido de pacu e tambaqui) ou um pacu de grande porte como possíveis responsáveis, destacando que espécies exóticas, devido à dentição e hábitos alimentares, podem provocar acidentes.
A Lei Federal 140/2011 atribui à União o controle de espécies exóticas no país. O promotor Alexandre Estuqui Junior ressaltou que, se confirmada a irregularidade, o Ministério Público pode exigir o fechamento do local e a remoção dos peixes.
Defesa do atrativoAlex Kossmann, gerente da Praia da Figueira, negou a introdução de peixes não nativos e atribuiu os incidentes ao descumprimento de regras por parte dos turistas, como alimentar os animais. Ele destacou que, nos últimos três meses, o local recebeu mais de 26 mil visitantes e que há orientações contra a prática.
Caso o laudo, previsto para sair em 20 dias, confirme a presença de espécies exóticas, os responsáveis pelo atrativo podem enfrentar sanções administrativas e a remoção dos peixes.